Resolvi escrever esse texto devido a algumas coisas que tenho pensado nas últimas semanas e gostaria de compartilhar com o leitor e até mesmo colocar em debate a respeito do ato de delegar.
Primeiramente, não vou me ater em explicar o que significa delegar, pois com as ferramentas de internet, pode-se estudar mais sobre esse assunto até mesmo ler em bons livros.
Vejo que em alguns livros, os lideres devem ter algumas características, uma delas é a capacidade de delegar.
Delegar, do meu ponto de vista é uma característica de capacidade de identificar talentos e vejo com bons olhos, mas de certa forma me deixa preocupado, pois existem duas variáveis importantes nesse caso: quem delega e aquele a quem se delega.
Já encontrei diversos tipos de lideres, que vou ilustrar abaixo para poder discorrer sobre o tema:
- O que abandona – delegam e acabam esquecendo do assunto, não reassume a responsabilidade por determinado tema.
- O que “fica de olho no peixe e outro no gato” – estes não deixam, de forma alguma de estar envolvido, com medo de sempre achar que o “outro” precisará de uma ajuda a qualquer momento.
- O “vai que é sua” – de uma forma ou de outra acompanha sem intervir, dando a liberdade necessária para que o outro tenha confiança no seu trabalho e siga como um gestor de suas próprias funções.
Devem ter outros tipos de lideres que delegam, mas nestes três casos eu me considero um bem aventurado, pois tive a oportunidade de trabalhar assim e pude aprender muito com cada um deles.
Mas o que mais me preocupa é quando a delegação é de “poder”.
Neste caso, entendo que o profissional pode se tornar seu próprio chefe e até mesmo de outros, o que pode levar a perda do senso da direção, havendo momentos que àquilo que foi delegado vai encontrar uma barreira e o “poder” recebido será limitado, ou seja, notar-se-á que o “poder” delegado não é total, mas sim parcial. Mas isso é ruim?
Eu acredito que sim, quando isso pode prejudicar uma negociação, um relacionamento, um projeto. Mas principalmente quando o prejuízo maior é aquele a quem se delegou, então nesse caso, se faz necessário uma outra qualidade do líder, a famosa capacidade de dar o “feedback”.
Pois é, já vi diversas vezes colegas meus chegarem a um estado de estresse, não por achar que estão sobre carregados ou algo do tipo, mas pelo sentimento de abandono por falta do feedback após terem recebido delegação de “poder”.
Tenho visto lideres que se ausentam tanto de seus liderados que estes se sentem abandonados e isso reflete no seu trabalho. Será que pelo fato dos lideres delegarem dá a estes o direito de se ausentarem de determinados assuntos? A falta de colocar em prática o feedback tem tornado o ato de delegar uma ferramenta de desmotivação?
Em uma das empresas que trabalhei, tive total autonomia nas decisões tomadas, posso dizer que me foi delegado quase tudo de um determinado departamento, onde eu tomava todas as decisões e tinha total liberdade, poderia dizer então que havia recebido delegação de “poder”. Mas sabe o que fez a diferença? Pelo menos, uma vez ao mês, um diretor chegava na minha sala e ficava em torno de 30 a 60 minutos conversando comigo, não fazendo cobranças, mas simplesmente ouvindo o que eu tinha a dizer. Não era uma prestação de contas, pois os resultados estavam aparecendo, mas simplesmente uma conversa, onde eu falava, era ouvido e recebia também o famoso feedback, mas não com o formato que vemos nas empresas, mas como algo informal que deu resultado para mim.
Essa foi uma excelente experiência, e aprendi que delegar só é saudável quando, mesmo em uma conversa em um restaurante, no almoço, sentimos a segurança de saber que estamos fazendo um bom trabalho.
E você, acha que delegar é saudável?
14 14-03:00 outubro 14-03:00 2009 at 10:38
Felipe,
Parabéns pelo texto – ótimo tema.
Vemos constantemente casos deste tipo… delegam e abandonam. Fica-se sem um norte, uma referência se está indo pelo caminho correto ou não.
Outro aspecto importante a salientar é a delegação “sem poder”. Delega-se mas não se dá qualquer poder à pessoa que recebe a tarefa. Então, cria-se uma dependência que não considero saudável.
Abraços
Tiago Calipo
http://tiagocalipo.wordpress.com
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14 14-03:00 outubro 14-03:00 2009 at 21:49
Gostei do tema, Feu
Acredito que como egocentricos desaprendemos a trabalhar em equipe, ou seja, ninguém pode fazer nada sozinho e cabe ao que delega, perceber isso, para que os delegados não realizem algo por “medo”, “autoritarismo”, mas sim por gostar do que faz e da equipe incluindo o lider. Outro fato é que muitas vezes o que delega não sabe todo o serviço (noção geral); então ele delega rs. Ainda temos uma visão (Brasil) que o lider é aquele que manda e não aquele que direciona; concluo que temos maus lideres e por isso estamos assim…
Abração!
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15 15-03:00 outubro 15-03:00 2009 at 7:41
Delegar é uma arte bem complicada e creio que a pessoa que delega tem que ter um dom nato.
Delegar, não é simplesmente “ter”o poder e dá-lo a alguem, mas sim saber usá-lo de forma saudável.
As pessoas têm confundido o poder com autonomia total.
Quando se é delegado o poder, tem que haver reconhecimento da parte que delegou para a parte que foi delegada.
As vezes, um simples “obrigada”já muda a situação.
Tem que haver comunicação, confiança, e saber que ninguém é perfeito, nem mesmo aquele a quem foi dado o direito de delegar.
Tem que saber que errar é humano e que nós não pensamos nem agimos de maneira igual.
A arte de delegar, é saber ter a empatia, saber que um dia foi vc, ou saber que um dia ainda poderá ser vc!
O erro grave de uma pessoa que delega, é muitas vezes achar que tudo o que faz é o correto e que tudo o que a outra pessoa está fazendo está errado. O que na vdd não é, sendo, muitas vezes, uma visao de um outro ângulo, uma outra maneira de excercer..etc
As vezes, de tanto que queremos mostrar nosso poder, fazemos mal para a outra pessoa, com respostas mal dadas, com falta de atenção..
Temos que saber lidar com a nossa autoridade para não fazer dela uma doença no nosso próximo.
Um líder que é líder, não tem que provar nada!!
Ele é porque realmente é!!!
Abraços,
Mariana Morelli
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15 15-03:00 outubro 15-03:00 2009 at 9:55
” (…) mas pelo sentimento de abandono por falta do feedback após terem recebido delegação de “poder”.”
Os líderes diretos chamados pelas empresas hoje em dia, não tem nenhum treinamento em gestão, o que me parece é que são analistas seniors promovidos, mas ao mesmo tempo ser lider não é somente ampliar o cargo, é ver a área (setor ou equipe) como um todo.
Infelizmente passei por uma situação de ver uma analista sem preparo, ser promovida a coordenadora, ela agia pelo abandono e o pior desses casos de abandono é o “ego” – “projeto OK estou junto”, “projeto enrroscado nem quero saber”.
Aí eu me pergunto: ter um líder em uma corporação é alguém que você procure para decisões e afazeres sobre um projeto, pois você considere a experiência dele interessante. Ou ter um um líder em uma corporação é alguém que senta ao seu lado, replica 30 emails no dia pedindo funções sem planejamento, todas urgentes que nunca serão acompanhadas por um superior?
Imagino que seja delicado liderar pessoas e manter equilibrado a questão de experiencia com desenvolvimento, mas também acho que as empresas tem que exigir pelo menos uma carga horária de um curso de gestão para os promovidos, pois são poucos que trazem com a promoção a visãod e grupo.
Adorei a leitura!
bjs e parabéns pela pequenina que chega hoje.
Viviane
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31 31-03:00 dezembro 31-03:00 2010 at 7:57
Olá Felipe, bom dia, tudo bem?
Muito bom seu texto, parabéns. Gostaria de aproveitar e te convidar para conhecer a Gestópole, uma nova rede social profissional voltada a estudantes, profissionais e demais interessados nos temas de gestão de negócios. Seria uma honra poder contar com seu cadastro e contribuições por lá também. A rede está crescendo com qualidade e
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Bruno
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